A filha do Moleiro, uma Feiticeira.
Como vão, visitantes do Casa Conto?
Depois de algum tempo de descanso, eis que a “boa filha a Casa retorna!” risos!
Bem, depois deste longo tempo sem postar (Também estava envolvida em gerar conteúdo para meu outro Blog.), mas ainda mergulhada em estudos, hoje desejo compartilhar mais um pensamento interessante sobre o Universo dos Contos.
Como sabem através de alguns post´s atrás estava entretida na leitura de Jules Michelet. O que me permitiu algumas reflexões sobre um outro conto, que embora não abordado pelo autor, me veio à mente ao ler o capítulo intitulado “Pacto”.
Trata-se do Conto Rumpelstiltiskin dos Irmãos Grimm, presente no livro “Contos para infância e para o Lar.” Inclusive, a nova animação de Shrek, a figura do duendezinho maléfico é trazida à tona como o causador de uma verdadeira reviravolta na vida do Ogro. Pontos para a Gansa Fifi, uma sátira impagável que faz referência ao livro de Charles Perrault – Contos da Mamãe Gansa. Fifi, a gansa, tem dois olhos vermelhos demoníacos e vamos deixar bem claro que...De Mamãe Gansa não tem absolutamente nada!
Para quem não conhece a história, em linhas gerais, trata-se de um moleiro canastrão que mente ao Rei alardeando que sua filha seria capaz de transformar feno em ouro. A jovem é, então, levada ao palácio e trancada em um quarto cheio do material. Ela deve transformar feno em ouro para preservar a própria vida.
É então que a jovem camponesa recebe a visita de um serzinho que promete ajudá-la, caso ela lhe dê algo em troca pelo serviço.
E aí se fixa o “Pacto diabólico, do hediondo tratado em que, pelo ganho ínfimo de um dia, a alma se vende às torturas eternas” (MICHELET, 1992).
Ouso dizer que o duende em si não é ruim. Ele apenas trabalha por trocas. Apenas isso. O que motiva a desgraça da pobre camponesa são justamente os homens que a rodeiam. Primeiro: o próprio pai. Segundo: o rei e futuro esposo. E ambos motivados pela ganância que a forçam a dar o primeiro filho como pagamento pela última noite de trabalho do duende.
“(...) Ao aparecer, a Feiticeira não tem pai, nem mãe, nem filho, nem esposo, nem família. É um monstro, um aerólito, vindo não se sabe de onde. Quem ousaria, meu Deus, aproximar-se dela?”
Obviamente, apenas o duende. Já que a mulher é rechaçada, submetida ao poder patriarcal. O que comprova que a feiticeira nasce, conforme Michelet, do “Tempo da desesperança.”
“- Ah, então estás aí, finalmente... Não vieste de bom grado. E não terias vindo se não tivesses chegado ao fundo da necessidade mais profunda... Precisaste, orgulhosa, correr sob o chicote, gritar e pedir clemência, rejeitada por teu marido.”
Quem diria? A pobre filha do moleiro transforma-se em uma Feiticeira para salvar-se!
Para mim, este conto deveria entrar no prefácio da obra de Michelet. Injustiça, hein!risos...
E foi uma vez...
Depois de algum tempo de descanso, eis que a “boa filha a Casa retorna!” risos!
Figura retirada do blog Fadas e Duendes. |
Como sabem através de alguns post´s atrás estava entretida na leitura de Jules Michelet. O que me permitiu algumas reflexões sobre um outro conto, que embora não abordado pelo autor, me veio à mente ao ler o capítulo intitulado “Pacto”.
Trata-se do Conto Rumpelstiltiskin dos Irmãos Grimm, presente no livro “Contos para infância e para o Lar.” Inclusive, a nova animação de Shrek, a figura do duendezinho maléfico é trazida à tona como o causador de uma verdadeira reviravolta na vida do Ogro. Pontos para a Gansa Fifi, uma sátira impagável que faz referência ao livro de Charles Perrault – Contos da Mamãe Gansa. Fifi, a gansa, tem dois olhos vermelhos demoníacos e vamos deixar bem claro que...De Mamãe Gansa não tem absolutamente nada!
Para quem não conhece a história, em linhas gerais, trata-se de um moleiro canastrão que mente ao Rei alardeando que sua filha seria capaz de transformar feno em ouro. A jovem é, então, levada ao palácio e trancada em um quarto cheio do material. Ela deve transformar feno em ouro para preservar a própria vida.
Releitura moderna do Conto em Shrek 4. |
E aí se fixa o “Pacto diabólico, do hediondo tratado em que, pelo ganho ínfimo de um dia, a alma se vende às torturas eternas” (MICHELET, 1992).
Ouso dizer que o duende em si não é ruim. Ele apenas trabalha por trocas. Apenas isso. O que motiva a desgraça da pobre camponesa são justamente os homens que a rodeiam. Primeiro: o próprio pai. Segundo: o rei e futuro esposo. E ambos motivados pela ganância que a forçam a dar o primeiro filho como pagamento pela última noite de trabalho do duende.
“(...) Ao aparecer, a Feiticeira não tem pai, nem mãe, nem filho, nem esposo, nem família. É um monstro, um aerólito, vindo não se sabe de onde. Quem ousaria, meu Deus, aproximar-se dela?”
Obviamente, apenas o duende. Já que a mulher é rechaçada, submetida ao poder patriarcal. O que comprova que a feiticeira nasce, conforme Michelet, do “Tempo da desesperança.”
“- Ah, então estás aí, finalmente... Não vieste de bom grado. E não terias vindo se não tivesses chegado ao fundo da necessidade mais profunda... Precisaste, orgulhosa, correr sob o chicote, gritar e pedir clemência, rejeitada por teu marido.”
Quem diria? A pobre filha do moleiro transforma-se em uma Feiticeira para salvar-se!
Para mim, este conto deveria entrar no prefácio da obra de Michelet. Injustiça, hein!risos...
E foi uma vez...
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